As Revoltas Emancipatórias
As Revoltas Emancipacionistas foram os movimentos que lutaram ou conspiraram pela Independência do Brasil. Querem a separação do Brasil de Portugal. Ocorrem influenciados pelo conteúdo do liberalismo europeu ou pela ruptura nos EUA. Não reconhecem o poder dos governadores, querem mudança política. Pensam em termos de Brasil- geral e particular- e tem projeto político para o país. Ex.: Inconfidência Mineira, Conjuração Baiana. Nesta aula vamos aprender um pouco sobre as duas principais: A Inconfidência Mineira e A conjuração Baiana
"Liberdade ainda que tardia"
A Inconfidência Mineira, 1789 - " Liberdade ainda que tardia"
No
início do século XVIII, devido a economia colonial ter como base e
extração do ouro e demais metais preciosos a cora portuguesa
começou a estabelecer um controle sobre essa extração. Sendo o
arrecadamento de impostos e tributos esse controle era
fundamental para Portugal pois era usado para sustento da corte,
financiava a construção de obras grandiosas (igrejas, conventos,
palácios) e pagava as inúmeras dívidas contraídas, especialmente
com a Inglaterra. Assim a instalação das Casas de Fundição,
subordinadas à Intendência das Minas . Serviam para que todo o ouro
extraído em pó ou em pepitas, seria fundido e "quintado"
– ou seja, retirados os 20% correspondentes ao quinto real. As
barras obtidas eram cunhadas, comprovante do pagamento do tributo, e
devolvidas ao portador acompanhadas de um certificado de origem,
confirmando o cumprimento das formalidades legais.
A
circulação de mercadorias nas regiões mineradoras levou muitos
comerciantes a enriqueceram. Constituiu-se, então, um grupo social
de peso considerável, com interesses próprios. A maioria das
grandes fortunas nas Gerais formou-se devido "mais ao comércio
do que à atividade mineradora".
Porém,
na segunda metade do século XVIII, a decadência da exploração do
ouro surge, principalmente na cidade de Vila Rica, tornando difícil
o pagamento dos pesados impostos exigidos pela coroa portuguesa.
O descontentamento ainda acontecia devido a alta dos preços cobrados
por mercadorias importadas, como tecidos, calçados, ferramentas e
outros produtos manufaturados, proibidos de serem fabricados na
colônia pelo Alvará de 1785. Além disso, a somente lusitanos
poderiam ocupar os altos cargos administrativos e o controle de
divulgação de idéias exercido pelas autoridades portuguesas,
através da proibição da impressão de jornais e livros na colônia
causavam descontentamento e frustração no meio colonial.
Vila
Rica era constituída de uma sociedade urbana, com mercadores e
comerciantes; filhos da elite local que haviam estudado na Europa, e
tiveram contato com as idéias liberais e republicanas, e entendiam a
situação de colonia em que vivia o Brasil. Portanto a jovem
sociedade letrada das Minas Gerais, tão diferenciada da elite rural
e latifundiária do Nordeste açucareiro, alimentasse um profundo
estado de indignação e revolta e entendesse os reais motivos para
essa exploração. Surgem as idéias de conspiração. Os rebeldes,
com base na Declaração de Independência dos Estados Unidos,
planejavam, em reuniões secretas, um golpe republicano: advogados,
juízes, comerciantes, fazendeiros, padres e agiotas decidiram
desafiar o poder colonial.
No
dia 26 de dezembro de 1788, na casa do tenente-coronel Francisco de
Paula Freire de Andrade, chefe do Regimento dos Dragões, os membros
da alta sociedade se encontraram para uma reunião conspiratória. Na
verdade, três tipos de homens estavam na reunião: intelectuais,
mineradores e magnatas endividados e, entusiastas, como o alferes
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Ficou decidido que, no
dia em que fosse decretada a derrama, uma revolução eclodiria. Os
planos para o golpe eram tão vagos quanto os projetos do futuro
governo.
Os
rebeldes reivindicavam:
-
governo republicano independente
-construção de hospitais e uma universidade
-
obrigatoriedade do serviço militar
-
incentivo à industrialização]
-o
fim da Derrama, evidentemente
Nada
ficou definido quanto à escravidão, pois a maioria dos
inconfidentes possuía terras e muitos escravos. Pode-se observar que
a conspiração dos mineiros era, basicamente, um movimento de
oligarcas, no interesse da oligarquia, sendo o nome do povo invocado
apenas como justificativa. Em fevereiro de 1798, o Visconde de
Barbacena suspendeu a derrama.
Os
inconfidentes se desarticularam e, após a denúncia feita pelo
negociante endividado, Joaquim Silvério dos Reis, com o objetivo
obter o perdão de suas dívidas, um a um, os inconfidentes foram
presos e levados, três anos depois, para serem julgados no Rio de
Janeiro. Tiradentes, apesar de ter sido o mais entusiástico e
temerário propagandista do golpe, era o participante de menor
influência e poder econômico. E, exatamente por isso, era o bode
expiatório ideal: foi condenado ao enforcamento esquartejamento,
realizado no dia 21 de abril de 1792. Chegara ao fim o primeiro
movimento separatista do Brasil, que nem chegou a acontecer.
A
Conjuração Baiana - O Povo se Revolta
Também
conhecida como Revolta dos Alfaiates, a Conjuração Baiana foi uma
revolta popular que aconteceu na Bahia em em 1798. Teve uma
importante influência dos ideais da Revolução Francesa. Além de
ser separatista e emancipacionista, defendeu importantes
mudanças sociais e políticas na sociedade.
Podemos
apontar como causas a Insatisfação com o elevado preço cobrado
pelos produtos essenciais e alimentos. somado a falta de alguns
itens. e a forte insatisfação com o domínio de Portugal sobre o
Brasil. O ideal de independência estava presente em vários setores
da sociedade baiana.
Os
conjurados defendiam a
emancipação
política do Brasil, ou seja, o fim do pacto colonial com Portugal;
Defendiam a implantação da República; Liberdade comercial no
mercado interno e também com o exterior; Liberdade e igualdade entre
as pessoas. Portanto eram favoráveis à abolição dos privilégios
sociais e também da escravidão; Aumento de salários para os
soldados.
Teve
como Líderes médico,
político e filósofo baiano Cipriano Barata e o soldado Luís
Gonzaga das Virgens que atuou muito na divulgação das ideias do
movimento e os alfaiates Manuel Faustino dos Santos Lira e João de
Deus do Nascimento.
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Homenagem aos lideres da Revolta de Búzios também conhecida por Conjuração Baiana |
Podemos
caracterizar o movimento como popular pois contou com a
participação de
pessoas pobres, letrados, padres, pequenos comerciantes, escravos e
ex-escravos.
A
revolta estava marcada, porém um dos integrantes do movimento, o
ferreiro José da Veiga, delatou o movimento para o governador,
relatando o dia e a hora em que aconteceria.
O
governo baiano organizou as forças militares para debelar o
movimento antes que a revolta ocorresse. Vários revoltosos foram
presos. Muitos foram expulsos do Brasil, porém quatro foram
executados na Praça da Piedade em Salvador.
Tanto a Conjuração
Baiana (1798) quanto a Inconfidência Mineira (1789) foram movimentos
de contestação que ocorreram no final do período colonial, em um
contexto de crise. Por vezes, chamamos esses movimentos de
contestação de “emancipacionista” e esta é a primeira grande
semelhança, mas temos outras: ambos foram influenciados pelo
Iluminismo, pela independência dos Estados Unidos e pelas ideias
republicanas; além disso, há também a questão dos altos impostos
– cada movimento, à sua maneira, sofria com este problema.
Entre as diferenças,
podemos observar a orientação dos movimentos, a Inconfidência
Mineira foi um movimento elitista, já a conjuração Baiana tinha um
caráter popular; na Bahia falava-se em abolição da escravidão,
algo que não era cogitado pelos inconfidentes de minas.
Notamos, desse modo,
que há muitas aproximações entre esses movimentos e isso pode ser
entendido devido às diversas imposições da coroa portuguesa sobre
a colônia, os problemas administrativos e intensa exploração dos
colonos.
Agora é com você

(UFMG
2008)
Leia
este trecho, que contém uma fala atribuída a Joaquim José da Silva
Xavier:
“... se por acaso estes países chegassem a ser independentes, fazendo as suas negociações sobre a pedraria pelos seus legítimos valores, e não sendo obrigados a vender escondido pelo preço que lhe dessem, como presentemente sucedia pelo caminho dos contrabandos, em que cada um vai vendendo por qualquer lucro que acha, e só os estrangeiros lhe tiram a verdadeira utilidade, por fazerem a sua negociação livre, e levado o ouro ao seu legítimo valor, ainda ficava muito na Capitania, e escusavam os povos de viver em tanta miséria.”
(Autos de Devassa da Inconfidência Mineira. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados; Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1980. v. 5, p. 117.)
A
partir dessa leitura e considerando-se outros conhecimentos sobre o
assunto, é CORRETO afirmar que os Inconfidentes Mineiros de 1789:
A)
acreditavam que o contrabando aumentava o valor recebido pelas pedras
e ouro, pois dificultava sua circulação.
B)
consideravam que o monopólio comercial explicava por que as regiões
de que se compunha Minas Gerais, cheias de pedras e ouro, ficavam
mais ricas.
C)
defendiam o livre-comércio, por meio do qual pedras e ouro
adquiririam seu real valor, uma vez que seriam vendidos aos
estrangeiros legalmente.
D)
pensavam que os estrangeiros poderiam tirar vantagens do
livre-comércio das pedras e ouro, visando a aumentar seus lucros.
Gabarito: Letra C
A
imagem, abaixo, reproduz um ajuntamento de negros e mestiços.
Ajuntamentos
semelhantes ao da gravura tornaram-se freqüentes na cidade de
Salvador-Capitania da Bahia, nos fins do século XVIII e primeiras
décadas do século XIX. Em 1798, eclodia a Conjuração Baiana
contra o governo metropolitano português instalado na capitania,
envolvendo segmentos sociais subalternos. Sobre a Conjuração
Baiana, é INCORRETO afirmar:
a)
A Conjuração Baiana, comparada à Inconfidência Mineira, guarda
semelhanças e diferenças: os dois movimentos defendiam a criação
de uma república, mas, enquanto os inconfidentes de Vila Rica
omitiram-se em relação à escravidão, os de Salvador propunham a
sua abolição.
b)
A Conjuração Baiana também ficou conhecida como Revolta dos
Alfaiates, porque teve como participantes: artesãos e pequenos
comerciantes, tais como alfaiates, além de soldados, religiosos,
intelectuais e outros integrantes das camadas populares.
c)
O movimento de 1798 demonstrou que, apesar do controle ideológico
exercido pela metrópole portuguesa sobre a sua Colônia americana, o
Brasil não ficou imune às correntes liberais de pensamento em
circulação, naquele momento, na Europa e nos Estados Unidos.
d)
A revolta baiana foi um movimento restrito apenas aos escravos e seus
descendentes, que mantinham contactos freqüentes com os ex-escravos
do Haiti, após a revolta destes e a conseqüente abolição da
escravidão naquela colônia francesa.
e)
A insurreição baiana teve uma abrangência social mais ampla do que
a Inconfidência Mineira, não apenas pelos segmentos sociais
participantes daquele movimento, mas porque propunha mudanças mais
profundas, tais como o fim dos privilégios econômicos e sociais.
Gabarito Letra D
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