O Renascimento Comercial e Urbano
Chama-se de Renascimento comercial a um dos aspectos vividos na Europa com o fim da invasões e de uma relativa paz proporcionando uma importância das cidades e das praticas comerciais próprias da vida urbana
Durante a Idade Média (476-1453) a
grande parte da população morava em Feudos (que eram grandes áreas cercadas e
isoladas uma das outras, com uma economia quase autossuficiente) dai,
percebemos neste período a economia ser estagnada e dai, costuma-se dizer que o
comércio de produtos praticamente desapareceu no período medieval.
Mas, com o avanço dos estudos desse período tal afirmação não é de fato real e
temos que relativizar esse pensamento. Vemos que durante o feudalismo continuaram
a existir profissionais como os artesãos (ferreiros e construtores de máquinas,
por exemplo), comerciantes e negociantes. Os homens do medievo não deixaram de adquirir certos equipamentos
fundamentais à prática da agricultura (como enxadas e arados), que eram,
portanto, fabricados e comercializados. Mesmo sendo o comercio bastante
restrito devido a a Europa ser “separada” por feudos e ameaçada por invasões e
guerras isso não significa que elas tenham desaparecido.
O período de auge do feudalismo foi o que se costuma chamar de Alta Idade Média
(séculos 5 a 10). Mas, a partir do século 10, as coisas começaram a mudar.
Diversos fatores ajudam a explicar por que a agricultura deixara de ser a
principal atividade econômica, abrindo espaço para o chamado Renascimento comercial, que, a partir do século 11,
inaugurou definitivamente a Baixa Idade Média, que se estenderia até o século
15.
Crescimento populacional
A Europa vivia em meados do século 10 uma relativa época de paz, já que
os ataques de um reino a outro haviam diminuído bastante. Essa paz levou a a
uma aumento populacional considerável: em 300 anos a população da Europa
cresceu de 8 milhões para 26 milhões de habitantes. Isso gerou um excedente
populacional, que começou a necessitar de mais espaço e a expandir-se para fora
dos feudos.
Anteriormente, devido a ser itinerantes, comerciantes, negociantes e artesãos começaram
a se estabelecer próximo a feudos formando vilas e burgos. Dessa forma, aqueles
que moravam nessas localidades eram conhecidos como burgueses e, ao longo dos
séculos, essa denominação passou a denominar os comerciantes e os homens ricos.
Com o aumento demográfico na Europa e a expulsão do excedente populacional,
fugas de servos devido a imposição dos impostos feudais os burgos começaram a
crescer Isso se dava porque muitos servos acabavam por fugir dos feudos para
escapar das imposições da relação servil. Assim, essas pequenas localidades
começaram a crescer e se tornar importantes concentrações de trabalhadores
livres e comerciantes, onde passaram a ser organizadas feiras permanentes, o
que resultou no surgimento de inúmeras cidades.
O renascimento das cidades
O Renascimento Urbano se deu
justamente devido ao fato de que antes a população se concentrava em feudos
onde a população se dedicava as atividades rurais, mas com o crescimento das
cidades elas voltaram a se tornar importantes núcleos econômicos e isto acarretou
o a diminuição da importância dos feudos e por extensão dos vínculos feudais.
Tal situação levou os moradores das cidades a negociar com os senhores o fim do
pagamento de tributos e serviços, através da compra da chamada carta de franquia.
Essa importância das cidades levou a uma maior liberdade econômica e política e
econômica foi propiciando o aprimoramento do trabalho urbano. Surgem assim as
Guidas e as Corporações de Oficio que eram entidades organizadas de artesãos que
iam além do limite das cidades. Essas. Por exemplo, uma corporação de
sapateiros ditava as normas de fabricação de seus produtos e as formas de sua
comercialização, a fim de proteger esses profissionais no mercado e propiciar
seu lucro.
Desenvolvimento da agricultura
Ainda que tenha favorecido principalmente o comércio, essa expansão
espacial pelo continente europeu foi estimulada até pelos nobres feudal. Os
donos dos feudos viam seus campos serem esgotados pela exploração contínua e
tinham interesse em expandir suas riquezas territoriais. Assim, incentivavam a
ocupação de outras áreas por seus servos, que através de outras formas de
cultivo (como a utilização rotativa do solo) e do uso de um tipo de arado mais
resistente, conseguiram expandir também a produção agrícola, num processo
chamado de "Renascimento agrícola".
![]() |
Imagem retratando as Cruzadas |
Houve, por sua vez, um outro fator que caminhou paralelamente a esse novo
comércio europeu e foi, ao mesmo tempo, o que contribui para que ele se
expandisse mais: as Cruzadas. A Igreja católica, aproveitando-se da legião de
homens desocupados nos centros urbanos, começou a realizar expedições para além
dos limites continentais, dando um outro sentido para a economia medieval.Sobre Esse movimento denominado de Cruzadas veremos logo mais em outra aula mas ainda no assunto Baixa Idade Média
Com a justificativa de conquistar povos para a fé cristã e ao mesmo tempo
reconquistar territórios de outros povos, nasceram as Cruzadas, expedições
militares e religiosas que foram praticadas durante quase 200 anos, entre os
séculos 11 e 13. Foram realizadas oito dessas expedições nesse período, que
atravessaram o continente europeu, cruzaram mares e chegaram a outros
continentes. Isso fez com as rotas comerciais acompanhassem esse traçado aberto
pela cruz e pela espada.
1. (Fgvrj 2013) A partir do século X, mas
principalmente do XI, é o grande período de urbanização – prefiro utilizar esse
termo mais do que o de renascimento urbano, já que penso que, salvo exceção,
não há continuidade entre a Idade Média e a Antiguidade.
LE GOFF, Jacques. Por
amor às cidades. Conversações com Jean Lebrun. São Paulo: Unesp, 1998, p. 16.
A respeito das cidades medievais, após o ano mil, é CORRETO afirmar:
a) Tornaram-se centros econômicos e financeiros e
vinculados às rotas mercantis e à produção agrária das áreas rurais próximas.
b) Eram fundamentalmente sedes episcopais e centros
administrativos do Sacro Império Romano Germânico.
c) Tornaram-se núcleos da produção industrial que
começou a desenvolver-se sobretudo no norte da Itália, a partir do século XI.
d) Tornaram-se os principais entrepostos do comércio
de escravos africanos desde o início das Cruzadas.
e) Apresentaram-se como legado das póleis gregas e
das cidades romanas da Antiguidade
2. (Uftm 2012) [...] para satisfazer as faltas e necessidades
dos da fortaleza, começaram a afluir diante da porta, junto da saída do
castelo, negociantes, [...] mercadores de artigos custosos, em seguida
taberneiros, depois hospedeiros para a alimentação e albergue dos que mantinham
negócios com o senhor [...]. Os habitantes de tal maneira se agarraram ao local
que em breve aí nasceu uma cidade importante.
(Jean Lelong, cronista do século
XIII, apud Fernanda Espinosa. Antologia de textos históricos medievais, 1972.)
O texto refere-se
a) às transformações ocorridas na Europa Ocidental a
partir do século XI, quando as atividades comerciais intensificaram-se.
b) ao processo de criação das corporações de ofícios,
com suas regras e rituais específicos para cada profissão.
c) à crescente insegurança que marcou o período
medieval, razão pela qual se procurava viver em torno de fortificações.
d) à baixa produção dos feudos, que dependiam de
fornecedores externos para assegurar a sobrevivência de seus moradores.
e) às lutas entre senhores feudais e senhores urbanos
pelo controle da produção agrícola, principal fonte de impostos.
3. (Upe 2011) Na Baixa Idade Média (séculos X-XV), a
sociedade feudal europeia assistiu a mudanças em sua estruturação e dinâmica de
funcionamento que foram essenciais para a construção do mundo moderno. Sendo
assim, é correto afirmar que, neste período,
a) a burguesia surge e começa a atuar
predominantemente, no contexto social dos incipientes centros urbanos feudais.
b) a igreja católica assiste a uma redução drástica
do seu poder no contexto sócio-político mais amplo com a eclosão da Reforma
Protestante.
c) o poder régio nas monarquias feudais, em especial
na França e Inglaterra, passa a restringir a atuação da burguesia por meio de
medidas de repressão fiscal.
d) há uma expansão do modelo agrário feudal na
economia europeia de então, com a diminuição dos centros urbanos.
e) as cidades feudais passam a sofrer com guerras
locais ligadas aos conflitos religiosos entre os cristãos e os judeus, em
especial na Península Ibérica.
![]() |
GABARITO COMENTADO |
Resposta da questão 1: [A]
A partir da Baixa Idade Média, o crescimento das
cidades esteve articulado à reativação do comércio. O aumento populacional e a
consequente crise do sistema feudal, somados às Cruzadas, tornaram as cidades
importantes centros mercantis e bancários, nos quais eram efetuadas as trocas
de mercadorias que circulavam pelas rotas comerciais e também o excedente da
produção agrícola. Essa reativação da atividade mercantil levou também a uma
reativação das práticas monetárias, dando aos bancos um papel importante nesse
novo perfil econômico que a Europa passava a viver
Resposta da questão 2:[A]
A partir do século XI, tem início um período de
paz, tranquilidade e expansão de diversos setores da vida na Europa Ocidental,
graças ao fim das invasões, à melhoria das técnicas agrícolas e à ausência de
catástrofes climáticas e epidemias. Nesse contexto, houve um aumento da
produção agrícola, um importante crescimento demográfico, uma retomada das
atividades comerciais, o crescimento das cidades e o surgimento da burguesia.
Resposta da questão 3: [A]
A baixa Idade
Média é caracterizada por um conjunto de mudanças nas estruturas tradicionais
do feudalismo. Época de renascimento comercial e urbano, onde novas atividades
se desenvolvem, principalmente, com a reabertura do Mar Mediterrâneo,
permitindo o surgimento de uma camada de mercadores que, por viverem nos
burgos, foram denominados como “burgueses”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário