Continuando nosso entendimento sobre a Idade Média temos aqui a segunda aula sobre Maomé e o Islamismo. Uma
civilização que muito contribuiu com a formação do feudalismo como a religião
islâmica que influencia bastante o mundo ocidental na Europa.
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Capa da Revista após os ataques a Revista "Tudo esta perdoado" |
Podemos datar o inicios do islamismo no ano de 630,
quando Maomé conquistou a cidade de Meca. retitou a tribo dos Coraixitas do poder e destruindo os ídolos da Caaba. mas mantendo a Pedra Negra.
Mas vamos com calma; vamos entender como se encontrava a Árabia pré Maomé e
quem foi este homem que até hoje atos terroristas são realizados em seu nome a
exemplo do ataque a Revista Charles Hebbo.
A Arábia Pré-islâmica e de Maomé
A Arábia é uma península da Ásia Ocidental, próxima
da África. Limita-se a noroeste com a Palestina, ao sul com o oceano Índico, a
leste com o golfo Pérsico e a oeste com o mar Vermelho.
O litoral do mar Vermelho é a região que apresenta
melhores condições geográficas, permitindo até mesmo uma razoável prática da
agricultura, se bem que em áreas restritas. É ali que se localizam antigas
cidades como Meca e Medina (anteriormente, Iatreb). Esses núcleos urbanos eram
importantes centros comerciais, de onde partiam caravanas em direção a Aden, no
sul da Arábia, ou a Bassorah, no golfo Pérsico.
Além do comércio externo, havia um ativo comércio
interno entre os árabes do deserto, conhecidos como beduínos, e os do litoral.
As práticas comerciais, contudo, circunscreviam-se aos meses finais do ano
(setembro a dezembro), quando os beduínos se deslocavam em direção às cidades.
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Pedra Negra Visita-la é um dos preceitos islâmicos |
Podemos apontar duas cidades comerciais: Meca e Iatreb. ambas concorriam no
comercio numa grande rivalidade sendo a primeira ter a vantagem de gozar de um
forte “turismos” religioso pois atração
da cidade era um templo, a célebre Caaba, que abrigava numerosos ídolos
adorados pelas tribos do deserto, assim como uma Pedra Negra, sobre
a qual, segundo a tradição, repousou Ismael, considerado o ancestral do povo
árabe. Havia ainda em Meca uma fonte sagrada (Zem-Zem), um vale onde o demônio
(Iblis) era apedrejado pelos fiéis e o Monte Arafat, local de meditação
noturna.
Os beduínos preferiam Meca a Iatreb porque a visita
lhes dava satisfação espiritual e material, devido ao comércio das feiras. Por
isso mesmo, existia entre as duas cidades uma rivalidade que era
simultaneamente comercial e religiosa.
Maomé e o Islamismo
Maomé nasceu em Meca, por volta do ano 570, e
pertencia à tribo que dominava a cidade: os Coraixitas. No
entanto, era de uma família pobre, os Hexemitas. Ficou órfão
aos seis anos de idade, sendo criado pelo avô e em seguida pelo tio Abu Taleb.
Aos 15 anos de idade, já trabalhava nas caravanas
que demandavam a Palestina e a Síria. Foi assim que tomou contato com povos e
regiões diferentes e conheceu novas religiões, principalmente o cristianismo e
o judaísmo. Assimilando os ensinamentos dessas duas doutrinas monoteístas,
construiu um sincretismo religioso, isto é, uma integração de
elementos retirados do cristianismo, do judaísmo e do paganismo árabe.
Porém, a vida atribulada de Maomé não lhe permitia estruturar seu sistema
religioso. Daí a importância de seu casamento com Khadidja, uma rica viúva que
lhe proporcionou a estabilidade material necessária para seu desenvolvimento
intelectual. Maomé começou a fazer retiros espirituais no Monte Arafat, até que
no ano 610 teve “três visões” do anjo Gabriel. Na última, o anjo ter-lhe-ia
dito: “Maomé, tu és o único profeta do verdadeiro Deus (Alá)!” A missão de
Maomé estava implícita nessas palavras.
Principiava agora a etapa mais difícil da vida do
Profeta: a difusão da crença. De início, restringiu suas pregações aos
familiares e amigos, tendo em dois anos feito mais ou menos 80 adeptos.
Sentindo-se mais seguro, iniciou a pregação pública aos Coraixitas, de quem
naturalmente adviria a maior oposição, visto que estavam ligados economicamente
ao politeísmo vigente na Arábia.
De início, os Coraixitas se surpreenderam com as
revelações de Maomé, segundo as quais só havia um Deus, de quem ele, Maomé, era
o Profeta. Depois, procuraram ridicularizá-lo. Por fim, começou a perseguição.
Uma tentativa de assassinato ocorreu em 622, quando então Maomé fugiu de Meca para
Iatreb. Essa foi a Héjira (“fuga”), que marca o início do
calendário muçulmano.
Em Iatreb (a partir de então chamada Medina), Maomé
afastou a oposição de um grupo de judeus que habitavam a cidade e se negavam a
aceitar a crença em Alá. Em seguida, começou a Guerra Santa contra
Meca, atacando suas caravanas, cujos itinerários conhecia muito bem. Seus
êxitos militares eram considerados provas da existência de Alá.
Em 630, com o apoio dos árabes do deserto, Maomé invadiu
Meca, destruiu os ídolos, com exceção da Pedra Negra, que foi solenemente
dedicada a Alá. Implantou o monoteísmo e com ele surgiu o Islamismo, o mundo
dos submissos a Alá e obedientes ao seu representante, o Profeta Maomé Organizando, assim, um Estado Teocrático.
De 630 até 632, quando morreu, Maomé viveu em Medina. Converteu pela força das
armas os árabes recalcitrantes. Os livros básicos da religião são o Corão ou Alcorão, só foi compilado mais tarde,
com base nos escritos de Said, um escravo persa que sintetizava seus
pensamentos. A Suna, conjunto de ditos e episódios atribuídos a Maomé, surgiu
depois, para completar a tradição em torno da vida do Profeta.
A doutrina islâmica prega a existência de um só Deus, com natureza
exclusivamente divina, sem forma humana; daí a proibição a todos os crentes (muçulmanos)
de representarem formas vivas. Maomé devia ser considerado o último e principal
profeta, continuador de Moisés e Jesus, também considerados profetas. Os
muçulmanos deveriam acreditar nos anjos, no Juízo Final, no Inferno e no Paraíso;
estes últimos possuíam uma conotação profundamente materialista, com
sofrimentos e prazeres literalmente materiais.
Ainda temos como preceitos islamicso a crença em
Alá, cinco orações diárias, jejum no mês de Ramadã, peregrinar a Meca uma vez
na vida e dar esmolas. A Guerra Santa contra os infiéis era uma prática
recomendável, mas não obrigatória.
A expansão do Islamismo (séculos VII - XI)
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A parte colorida é a extensão máxima do império islâmico |
A expansão dos árabes muçulmanos foi uma das mais
fulminantes da História. Em um curto espaço de tempo, os árabes conquistaram um
império mais vasto que o Império Romano em seu apogeu. Os elementos
explicativos dessa rápida conquista foram: a inexistência de um estado a altura
dos islâmicos (o Império Bizantino e o Império Persa vinham se desgastando numa
luta secular; o Império Romano do Ocidente havia desaparecido; e os remos
bárbaros germânicos eram demasiado fracos )de um Estado Centralizado na Região
do Oriente e Norte da África somado a
explosão demográfica dos árabes, a
centralização política dos árabes e o ideal religioso. Além disso, deve-se
considerar a fraqueza dos adversários: o Império Bizantino e o Império Persa
vinham se desgastando numa luta secular; o Império Romano do Ocidente havia
desaparecido; e os remos bárbaros germânicos eram demasiado fracos para conter
os muçulmanos.
As primeiras conquistas foram feitas pela dinastia
Haxemita, constituída pelos familiares de Maomé, sendo Meca a capital do
Islamismo. Maomé unificara a Arábia em termos religiosos e seu sogro Abu Bekr
(pai de Aisha), eleito seu sucessor, realizou a unificação política. Ornar,
segundo califa, ampliou as conquistas, ocupando a Síria, a Palestina, a Pérsia
e o Egito. Ornar pereceu assassinado pela família Omíada, que disputava o
califado aos Haxemitas. Ali, marido de Fátima, filha única do Profeta, foi o
último dessa dinastia. Em seguida, os Omíadas controlaram o califado e mudaram
a capital para Damasco; seu primeiro califa foi Otman.
Assim, os muçulmanos assumiram o controle do
Mediterrâneo. Só não dominaram o Adriático e o Egeu. As comunicações dos
cristãos através do Mediterrâneo foram bloqueadas, obrigando-os a navegar pelo
Adriático até o porto balcânico de Zara, de onde se dirigiam para
Constantinopla por via terrestre, através da Macedônia.
Na Europa Ocidental prenunciava-se o sistema
feudal; o fechamento do Mediterrâneo pelos muçulmanos é um dos fatores
explicativos do surgimento desse sistema.
A cultura muçulmana medieval
A importância maior da cultura muçulmana reside em seu caráter
sincrético. O extenso contato que os muçulmanos tiveram com outras civilizações
proporcionou-lhes uma enorme soma de conhecimentos. Os algarismos hindus foram
transferidos para o Ocidente e as obras gregas toram traduzidas para o árabe
com maior precisão do que para o latim.
No campo da Química, os árabes se destacaram pela
descoberta de ácidos e sais. Na Matemática, pelo desenvolvimento da Álgebra. Na
Física, por várias leis da Óptica.
As artes plásticas não tiveram um desenvolvimento
notável por causa da proibição religiosa de representar formas vivas. Mesmo
assim, desenvolveram a Arquitetura com a utilização de arcos e cúpulas. A
Pintura se limitou aos arabescos, em que as letras do alfabeto árabe adquiriam
função decorativa.
A Filosofia muçulmana teve em Averróis um dos
máximos representantes da filosofia medieval. Traduziu numerosas obras gregas
para o árabe e comentou Platão. Aviena dedicou-se à Medicina, descobriu a
natureza contagiosa da tuberculose, descreveu a pleurisia e algumas variedades
de doenças nervosas. Sua principal obra, Canon, tornou-se manual básico de ensino
nas universidades euro ias. Rásis, outro médico, descobriu a verdadeira
natureza da varíola.
Os árabes descobriram ainda antídotos contra envenenamento perceberam os
mecanismos de difusão da peste pelo contato e desenvolveram a higiene médica e
hospitalar.
A literatura muçulmana tem um caráter mais
imaginoso e sensual do que intelectual. No Livro dos Reis são narrados
acontecimentos relativos ao Império Persa. Rubayyat, de Omar Khayyam, é um
poema que reflete o modo de viver e sentir predominante na cultura persa.
Qual a diferença entre os muçulmanos sunitas e xiitas?
No mundo islâmico existe uma duas correntes a saber: sunitas e xiitas, tão falado nos noticiarios quando se fala dos árabes mas qual a diferença entre essas duas "seitas" da fé islâmica? As diferenças entre estes dois grupos muçulmanos derivam de conflitos de crenças religiosas.
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Entenda as divisões do Islã |
Ambas tem em comum o fato é que além de serem as duas maiores denominações da religião islâmica também acreditam que o profeta Maomé estabeleceu a religião islã durante o século VII.
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Distribuição de Xiitas e Sunitas hoje |
A diferença e rivalidade começou após a morte de Maomé, em 632 d.C. onde uma disputa sobre a identidade do sucessor de Maomé fez com que os seguidores do islã se dividissem em sunitas e xiitas.
Os sunitas acreditam que Maomé não tinha herdeiro legítimo, e que um líder religioso deveria ser eleito através de votação entre as pessoas da comunidade islâmica. Eles acreditam que os seguidores de Maomé escolheram Abu Bakr, amigo próximo e conselheiro do mesmo, como seu sucessor.
Os xiitas acreditam que somente Alá, o Deus da fé islã, poderia selecionar os líderes religiosos, e que, portanto, todos os sucessores devem ser descendentes diretos da família de Maomé. Eles sustentam que Ali, primo e genro de Maomé, era o legítimo herdeiro da liderança da religião islã após a sua morte.
A maioria dos muçulmanos é sunita. Da população muçulmana em todo o mundo islâmico, apenas 10% são xiitas. Os únicos países que têm uma maioria xiita no Oriente Médio são o Irã, o Iraque e o estado insular do Golfo do Barém.
Islamismo hoje Perguntas e respostas
O que é islamismo, Islã e muçulmano?
O islamismo é a religião fundada pelo profeta Maomé no início do
século VII, na região da Arábia. O Islã é o conjunto dos povos de civilização
islâmica, que professam o islamismo; em resumo, é o mundo dos seguidores dessa
religião. O muçulmano é o seguidor da fé islâmica, também chamado por alguns de
islamita. O termo maometano às vezes é usado para se referir ao muçulmano, mas
muitos rejeitam essa expressão - afinal, a religião seria de devoção a Deus, e
não ao profeta Maomé.
De onde vem o termo
Islã?
Em árabe, Islã significa "rendição" ou
"submissão" e se refere à obrigação do muçulmano de seguir a vontade
de Deus. O termo está ligado a outra palavra árabe, salam, que significa
"paz" - o que reforça o caráter pacífico e tolerante da fé islâmica.
O termo surgiu por obra do fundador do islamismo, o profeta Maomé, que dedicou
a vida à tentativa de promover a paz em sua Arábia natal.
Todos os muçulmanos são
árabes?
Esta é uma das mais famosas distorções a respeito do Islã. Na
verdade, o Oriente Médio reúne somente cerca de 18% da população muçulmana no
mundo - sendo que turcos, afegãos e iranianos (persas) não são sequer árabes.
Outros 30% de muçulmanos estão no subcontinente indiano (Índia e Paquistão),
20% no norte da África, 17% no sudeste da Ásia e 10% na Rússia e na China. Há
minorias muçulmanas em quase todas as partes do mundo, inclusive nos EUA (cerca
de 6 milhões) e no Brasil (entre 1,5 milhão e 2 milhões). A maior comunidade
islâmica do mundo vive na Indonésia.
As raízes do islamismo
são conflitantes com as origens do cristianismo e judaísmo?
Não. Assim como as duas outras grandes religiões monoteístas, as
raízes do islamismo vêm do profeta Abraão. O profeta Maomé, fundador do
islamismo, seria descendente do primeiro filho de Abraão, Ismael. Moisés e Jesus
seriam descendentes do filho mais novo de Abraão, Isaac. Abraão, o patriarca do
judaísmo, estabeleceu as bases do que hoje é a cidade de Meca e construiu a
Caaba - todos os muçulmanos se voltam a ela quando realizam suas orações.
Os muçulmanos acreditam
num Deus diferente?
Não, pois Alá é simplesmente a palavra árabe para
"Deus". A aceitação de um Deus único é idêntica à de judeus e
cristãos. Deus tem o mesmo nome no judaísmo, no cristianismo e no islamismo, e
Alá é o mesmo Deus adorado pelos judeus, cristãos e muçulmanos.
Como alguém se torna
muçulmano?
Não é preciso ter nascido muçulmano ou ser casado com um
praticante da religião. Também não é necessário estudar ou se preparar
especialmente para a conversão. Uma pessoa se torna muçulmana quando proferir,
em árabe e diante de uma testemunha, que "não há divindade além de Deus, e
Mohammad é o Mensageiro de Deus". O processo de conversão extremamente
simples é apontado como um dos motivos para a rápida expansão do islamismo pelo
mundo. A jornada para a prática completa da fé, contudo, é muito mais complexa.
Nessa tarefa, outros muçulmanos devem ajudar no ensinamento.
Os muçulmanos praticam
uma religião violenta ou extremista?
Uma minoria entre os cerca de 1,3 bilhão de praticantes da
religião é adepta de interpretações radicais dos ensinamentos de Maomé. Entre
eles, a violência contra outros povos e religiões é considerada uma forma de
garantir a sobrevivência do Islã em seu estado puro. Para a maioria dos
seguidores do islamismo, contudo, a religião muçulmana é de paz e tolerância.
O Islã oprime a mulher?
A base da religião muçulmana não determina qualquer tipo de
discriminação grave contra a mulher. No entanto, as interpretações radicais das
escrituras deram origem a casos brutais. A opressão contra a mulher é comum nos
países que seguem com rigor a Sharia, a lei islâmica, e têm tradições
contrárias à libertação da mulher. Assim, o problema da opressão à mulher
muçulmana não é causado pela crença islâmica em si - ele surgiu em culturas que
incorporaram tradições prejudiciais às mulheres. Um ótimo exemplo disso é o
fato de que o uso de véus e a adoção de outros costumes que causam estranheza
no Ocidente muitas vezes são mantidos por mulheres mesmo quando não há nenhuma
obrigação. Ou seja: os hábitos estão integrados às culturas, não
necessariamente à religião.
Os muçulmanos são mais
atrasados do que os povos ocidentais?
Durante séculos, as civilizações do Islã foram muito superiores às
ocidentais. A combinação de idéias orientais e ocidentais provocou grandes avanços
na Medicina, Matemática, Física, Arquitetura e Artes, entre outras áreas.
Muitos elementos importantes para o avanço do homem, como os instrumentos de
navegação marítima e os sistemas algébricos, surgiram no Islã. Nos últimos
séculos, contudo, os povos do ocidente conquistaram a supremacia das novas
descobertas. A religião islâmica não pode ser apontada como origem do abismo
crescente entre algumas potências do Ocidente e alguns países subdesenvolvidos
do Islã. O fundamentalismo muçulmano, contudo, é visto por muitos especialistas
como enorme barreira ao avanço destes povos orientais.
O Islã é um obstáculo
para a democracia?
Os especialistas se dividem em relação a esse assunto. Para
muitos, a religião e cultura islâmica formou sociedades em que os princípios
democráticos não ganham espaço nem atraem as pessoas. Quem acredita nessa linha
de pensamento consideram que é inútil tentar impor regimes democráticos no Islã
- a própria população não estaria disposta a abraçar a mudança. Mas outros
analistas dizem que o islamismo não impede o florescimento da democracia, e que
os países muçulmanos têm ditaduras e monarquias por causa de outros fatores.
Seja qual for a explicação, o fato é que as democracias são raras no Islã: só a
Indonésia, a Turquia e Bangladesh têm esse tipo de regime.
fonte: Retirado da Revista Veja
muito bom texto parabens
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