segunda-feira, 23 de março de 2015

Baixa Idade Média - Renascimento Comercial e Urbano

O Renascimento Comercial e Urbano


Chama-se de Renascimento comercial a um dos aspectos vividos na Europa com o fim da invasões e de uma relativa paz proporcionando uma importância das cidades e das praticas comerciais próprias da vida urbana

Durante a Idade Média (476-1453) a grande parte da população morava em Feudos (que eram grandes áreas cercadas e isoladas uma das outras, com uma economia quase autossuficiente) dai, percebemos neste período a economia ser estagnada e dai, costuma-se dizer que o comércio de produtos praticamente desapareceu no período medieval.

Mas, com o avanço dos estudos desse período tal afirmação não é de fato real e temos que relativizar esse pensamento. Vemos que durante o feudalismo continuaram a existir profissionais como os artesãos (ferreiros e construtores de máquinas, por exemplo), comerciantes e negociantes. Os homens do medievo  não deixaram de adquirir certos equipamentos fundamentais à prática da agricultura (como enxadas e arados), que eram, portanto, fabricados e comercializados. Mesmo sendo o comercio bastante restrito devido a a Europa ser “separada” por feudos e ameaçada por invasões e guerras isso não significa que elas tenham desaparecido.

O período de auge do feudalismo foi o que se costuma chamar de Alta Idade Média (séculos 5 a 10). Mas, a partir do século 10, as coisas começaram a mudar. Diversos fatores ajudam a explicar por que a agricultura deixara de ser a principal atividade econômica, abrindo espaço para o chamado Renascimento comercial, que, a partir do século 11, inaugurou definitivamente a Baixa Idade Média, que se estenderia até o século 15.


Crescimento populacional

A Europa vivia em meados do século 10 uma relativa época de paz, já que os ataques de um reino a outro haviam diminuído bastante. Essa paz levou a a uma aumento populacional considerável: em 300 anos a população da Europa cresceu de 8 milhões para 26 milhões de habitantes. Isso gerou um excedente populacional, que começou a necessitar de mais espaço e a expandir-se para fora dos feudos.
 
Anteriormente, devido a ser itinerantes, comerciantes, negociantes e artesãos começaram a se estabelecer próximo a feudos formando vilas e burgos. Dessa forma, aqueles que moravam nessas localidades eram conhecidos como burgueses e, ao longo dos séculos, essa denominação passou a denominar os comerciantes e os homens ricos.

Com o aumento demográfico na Europa e a expulsão do excedente populacional, fugas de servos devido a imposição dos impostos feudais os burgos começaram a crescer Isso se dava porque muitos servos acabavam por fugir dos feudos para escapar das imposições da relação servil. Assim, essas pequenas localidades começaram a crescer e se tornar importantes concentrações de trabalhadores livres e comerciantes, onde passaram a ser organizadas feiras permanentes, o que resultou no surgimento de inúmeras cidades.

O renascimento das cidades

O Renascimento Urbano se deu justamente devido ao fato de que antes a população se concentrava em feudos onde a população se dedicava as atividades rurais, mas com o crescimento das cidades elas voltaram a se tornar importantes núcleos econômicos e isto acarretou o a diminuição da importância dos feudos e por extensão dos vínculos feudais. Tal situação levou os moradores das cidades a negociar com os senhores o fim do pagamento de tributos e serviços, através da compra da chamada carta de franquia.

Essa importância das cidades levou a uma maior liberdade econômica e política e econômica foi propiciando o aprimoramento do trabalho urbano. Surgem assim as Guidas e as Corporações de Oficio que eram entidades organizadas de artesãos que iam além do limite das cidades. Essas. Por exemplo, uma corporação de sapateiros ditava as normas de fabricação de seus produtos e as formas de sua comercialização, a fim de proteger esses profissionais no mercado e propiciar seu lucro.




Desenvolvimento da agricultura

Ainda que tenha favorecido principalmente o comércio, essa expansão espacial pelo continente europeu foi estimulada até pelos nobres feudal. Os donos dos feudos viam seus campos serem esgotados pela exploração contínua e tinham interesse em expandir suas riquezas territoriais. Assim, incentivavam a ocupação de outras áreas por seus servos, que através de outras formas de cultivo (como a utilização rotativa do solo) e do uso de um tipo de arado mais resistente, conseguiram expandir também a produção agrícola, num processo chamado de "Renascimento agrícola".

Imagem retratando as Cruzadas
Houve, por sua vez, um outro fator que caminhou paralelamente a esse novo comércio europeu e foi, ao mesmo tempo, o que contribui para que ele se expandisse mais: as Cruzadas. A Igreja católica, aproveitando-se da legião de homens desocupados nos centros urbanos, começou a realizar expedições para além dos limites continentais, dando um outro sentido para a economia medieval.Sobre Esse movimento denominado de Cruzadas veremos logo mais em outra aula mas ainda no assunto Baixa Idade Média

Com a justificativa de conquistar povos para a fé cristã e ao mesmo tempo reconquistar territórios de outros povos, nasceram as Cruzadas, expedições militares e religiosas que foram praticadas durante quase 200 anos, entre os séculos 11 e 13. Foram realizadas oito dessas expedições nesse período, que atravessaram o continente europeu, cruzaram mares e chegaram a outros continentes. Isso fez com as rotas comerciais acompanhassem esse traçado aberto pela cruz e pela espada.




1. (Fgvrj 2013) A partir do século X, mas principalmente do XI, é o grande período de urbanização – prefiro utilizar esse termo mais do que o de renascimento urbano, já que penso que, salvo exceção, não há continuidade entre a Idade Média e a Antiguidade. 
LE GOFF, Jacques. Por amor às cidades. Conversações com Jean Lebrun. São Paulo: Unesp, 1998, p. 16. 

respeito das cidades medievais, após o ano mil, é CORRETO afirmar:
a) Tornaram-se centros econômicos e financeiros e vinculados às rotas mercantis e à produção agrária das áreas rurais próximas.
b) Eram fundamentalmente sedes episcopais e centros administrativos do Sacro Império Romano Germânico.
c) Tornaram-se núcleos da produção industrial que começou a desenvolver-se sobretudo no norte da Itália, a partir do século XI.
d) Tornaram-se os principais entrepostos do comércio de escravos africanos desde o início das Cruzadas.
e) Apresentaram-se como legado das póleis gregas e das cidades romanas da Antiguidade

2. (Uftm 2012) [...] para satisfazer as faltas e necessidades dos da fortaleza, começaram a afluir diante da porta, junto da saída do castelo, negociantes, [...] mercadores de artigos custosos, em seguida taberneiros, depois hospedeiros para a alimentação e albergue dos que mantinham negócios com o senhor [...]. Os habitantes de tal maneira se agarraram ao local que em breve aí nasceu uma cidade importante. 
(Jean Lelong, cronista do século XIII, apud Fernanda Espinosa. Antologia de textos históricos medievais, 1972.)
O texto refere-se
a) às transformações ocorridas na Europa Ocidental a partir do século XI, quando as atividades comerciais intensificaram-se.
b) ao processo de criação das corporações de ofícios, com suas regras e rituais específicos para cada profissão.
c) à crescente insegurança que marcou o período medieval, razão pela qual se procurava viver em torno de fortificações.
d) à baixa produção dos feudos, que dependiam de fornecedores externos para assegurar a sobrevivência de seus moradores.
e) às lutas entre senhores feudais e senhores urbanos pelo controle da produção agrícola, principal fonte de impostos.

  
3. (Upe 2011) Na Baixa Idade Média (séculos X-XV), a sociedade feudal europeia assistiu a mudanças em sua estruturação e dinâmica de funcionamento que foram essenciais para a construção do mundo moderno. Sendo assim, é correto afirmar que, neste período,
a) a burguesia surge e começa a atuar predominantemente, no contexto social dos incipientes centros urbanos feudais.
b) a igreja católica assiste a uma redução drástica do seu poder no contexto sócio-político mais amplo com a eclosão da Reforma Protestante.
c) o poder régio nas monarquias feudais, em especial na França e Inglaterra, passa a restringir a atuação da burguesia por meio de medidas de repressão fiscal.
d) há uma expansão do modelo agrário feudal na economia europeia de então, com a diminuição dos centros urbanos.
e) as cidades feudais passam a sofrer com guerras locais ligadas aos conflitos religiosos entre os cristãos e os judeus, em especial na Península Ibérica.

GABARITO COMENTADO

Resposta da questão 1: [A]
A partir da Baixa Idade Média, o crescimento das cidades esteve articulado à reativação do comércio. O aumento populacional e a consequente crise do sistema feudal, somados às Cruzadas, tornaram as cidades importantes centros mercantis e bancários, nos quais eram efetuadas as trocas de mercadorias que circulavam pelas rotas comerciais e também o excedente da produção agrícola. Essa reativação da atividade mercantil levou também a uma reativação das práticas monetárias, dando aos bancos um papel importante nesse novo perfil econômico que a Europa passava a viver

Resposta da questão 2:[A] 
A partir do século XI, tem início um período de paz, tranquilidade e expansão de diversos setores da vida na Europa Ocidental, graças ao fim das invasões, à melhoria das técnicas agrícolas e à ausência de catástrofes climáticas e epidemias. Nesse contexto, houve um aumento da produção agrícola, um importante crescimento demográfico, uma retomada das atividades comerciais, o crescimento das cidades e o surgimento da burguesia.


Resposta da questão 3: [A]
A baixa Idade Média é caracterizada por um conjunto de mudanças nas estruturas tradicionais do feudalismo. Época de renascimento comercial e urbano, onde novas atividades se desenvolvem, principalmente, com a reabertura do Mar Mediterrâneo, permitindo o surgimento de uma camada de mercadores que, por viverem nos burgos, foram denominados como “burgueses”.

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