segunda-feira, 9 de março de 2015

Idade Média - Maomé e a Civilização Islâmica


Continuando nosso entendimento sobre a Idade Média temos aqui a segunda aula sobre Maomé e o Islamismo. Uma civilização que muito contribuiu com a formação do feudalismo como a religião islâmica que influencia bastante o mundo ocidental na Europa.

Capa da Revista após os ataques a Revista
 "Tudo esta perdoado"
Podemos datar o inicios do islamismo no ano de 630, quando Maomé conquistou a cidade de Meca. retitou a tribo dos  Coraixitas do poder e destruindo os  ídolos da Caaba. mas mantendo a Pedra Negra. Mas vamos com calma; vamos entender como se encontrava a Árabia pré Maomé e quem foi este homem que até hoje atos terroristas são realizados em seu nome a exemplo do ataque a Revista Charles Hebbo. 

A Arábia Pré-islâmica e de Maomé

A Arábia é uma península da Ásia Ocidental, próxima da África. Limita-se a noroeste com a Palestina, ao sul com o oceano Índico, a leste com o golfo Pérsico e a oeste com o mar Vermelho.
O litoral do mar Vermelho é a região que apresenta melhores condições geográficas, permitindo até mesmo uma razoável prática da agricultura, se bem que em áreas restritas. É ali que se localizam antigas cidades como Meca e Medina (anteriormente, Iatreb). Esses núcleos urbanos eram importantes centros comerciais, de onde partiam caravanas em direção a Aden, no sul da Arábia, ou a Bassorah, no golfo Pérsico.
Além do comércio externo, havia um ativo comércio interno entre os árabes do deserto, conhecidos como beduínos, e os do litoral. As práticas comerciais, contudo, circunscreviam-se aos meses finais do ano (setembro a dezembro), quando os beduínos se deslocavam em direção às cidades. 
Pedra Negra
Visita-la é um dos preceitos islâmicos 
Podemos apontar duas cidades comerciais: Meca e Iatreb. ambas concorriam no comercio numa grande rivalidade sendo a primeira ter a vantagem de gozar de um forte “turismos” religioso pois  atração da cidade era um templo, a célebre Caaba, que abrigava numerosos ídolos adorados pelas tribos do deserto, assim como uma Pedra Negra, sobre a qual, segundo a tradição, repousou Ismael, considerado o ancestral do povo árabe. Havia ainda em Meca uma fonte sagrada (Zem-Zem), um vale onde o demônio (Iblis) era apedrejado pelos fiéis e o Monte Arafat, local de meditação noturna.
Os beduínos preferiam Meca a Iatreb porque a visita lhes dava satisfação espiritual e material, devido ao comércio das feiras. Por isso mesmo, existia entre as duas cidades uma rivalidade que era simultaneamente comercial e religiosa.

Maomé e o Islamismo

Maomé nasceu em Meca, por volta do ano 570, e pertencia à tribo que dominava a cidade: os Coraixitas. No entanto, era de uma família pobre, os Hexemitas. Ficou órfão aos seis anos de idade, sendo criado pelo avô e em seguida pelo tio Abu Taleb.
Aos 15 anos de idade, já trabalhava nas caravanas que demandavam a Palestina e a Síria. Foi assim que tomou contato com povos e regiões diferentes e conheceu novas religiões, principalmente o cristianismo e o judaísmo. Assimilando os ensinamentos dessas duas doutrinas monoteístas, construiu um sincretismo religioso, isto é, uma integração de elementos retirados do cristianismo, do judaísmo e do paganismo árabe. 


Porém, a vida atribulada de Maomé não lhe permitia estruturar seu sistema religioso. Daí a importância de seu casamento com Khadidja, uma rica viúva que lhe proporcionou a estabilidade material necessária para seu desenvolvimento intelectual. Maomé começou a fazer retiros espirituais no Monte Arafat, até que no ano 610 teve “três visões” do anjo Gabriel. Na última, o anjo ter-lhe-ia dito: “Maomé, tu és o único profeta do verdadeiro Deus (Alá)!” A missão de Maomé estava implícita nessas palavras.

Principiava agora a etapa mais difícil da vida do Profeta: a difusão da crença. De início, restringiu suas pregações aos familiares e amigos, tendo em dois anos feito mais ou menos 80 adeptos. Sentindo-se mais seguro, iniciou a pregação pública aos Coraixitas, de quem naturalmente adviria a maior oposição, visto que estavam ligados economicamente ao politeísmo vigente na Arábia.
De início, os Coraixitas se surpreenderam com as revelações de Maomé, segundo as quais só havia um Deus, de quem ele, Maomé, era o Profeta. Depois, procuraram ridicularizá-lo. Por fim, começou a perseguição. Uma tentativa de assassinato ocorreu em 622, quando então Maomé fugiu de Meca para Iatreb. Essa foi a Héjira (“fuga”), que marca o início do calendário muçulmano.

Em Iatreb (a partir de então chamada Medina), Maomé afastou a oposição de um grupo de judeus que habitavam a cidade e se negavam a aceitar a crença em Alá. Em seguida, começou a Guerra Santa contra Meca, atacando suas caravanas, cujos itinerários conhecia muito bem. Seus êxitos militares eram considerados provas da existência de Alá.
Em 630, com o apoio dos árabes do deserto, Maomé invadiu Meca, destruiu os ídolos, com exceção da Pedra Negra, que foi solenemente dedicada a Alá. Implantou o monoteísmo e com ele surgiu o Islamismo, o mundo dos submissos a Alá e obedientes ao seu representante, o Profeta Maomé  Organizando, assim, um Estado Teocrático. 
De 630 até 632, quando morreu, Maomé viveu em Medina. Converteu pela força das armas os árabes recalcitrantes. Os livros básicos da religião são o  Corão ou Alcorão, só foi compilado mais tarde, com base nos escritos de Said, um escravo persa que sintetizava seus pensamentos. A Suna, conjunto de ditos e episódios atribuídos a Maomé, surgiu depois, para completar a tradição em torno da vida do Profeta. 

A doutrina islâmica prega a existência de um só Deus, com natureza exclusivamente divina, sem forma humana; daí a proibição a todos os crentes (muçulmanos) de representarem formas vivas. Maomé devia ser considerado o último e principal profeta, continuador de Moisés e Jesus, também considerados profetas. Os muçulmanos deveriam acreditar nos anjos, no Juízo Final, no Inferno e no Paraíso; estes últimos possuíam uma conotação profundamente materialista, com sofrimentos e prazeres literalmente materiais.

Ainda temos como preceitos islamicso a crença em Alá, cinco orações diárias, jejum no mês de Ramadã, peregrinar a Meca uma vez na vida e dar esmolas. A Guerra Santa contra os infiéis era uma prática recomendável, mas não obrigatória.

A expansão do Islamismo (séculos VII - XI)


A parte colorida é a extensão máxima do império islâmico
A expansão dos árabes muçulmanos foi uma das mais fulminantes da História. Em um curto espaço de tempo, os árabes conquistaram um império mais vasto que o Império Romano em seu apogeu. Os elementos explicativos dessa rápida conquista foram: a inexistência de um estado a altura dos islâmicos (o Império Bizantino e o Império Persa vinham se desgastando numa luta secular; o Império Romano do Ocidente havia desaparecido; e os remos bárbaros germânicos eram demasiado fracos )de um Estado Centralizado na Região do Oriente e Norte da África somado  a explosão demográfica dos árabes,  a centralização política dos árabes e o ideal religioso. Além disso, deve-se considerar a fraqueza dos adversários: o Império Bizantino e o Império Persa vinham se desgastando numa luta secular; o Império Romano do Ocidente havia desaparecido; e os remos bárbaros germânicos eram demasiado fracos para conter os muçulmanos.
As primeiras conquistas foram feitas pela dinastia Haxemita, constituída pelos familiares de Maomé, sendo Meca a capital do Islamismo. Maomé unificara a Arábia em termos religiosos e seu sogro Abu Bekr (pai de Aisha), eleito seu sucessor, realizou a unificação política. Ornar, segundo califa, ampliou as conquistas, ocupando a Síria, a Palestina, a Pérsia e o Egito. Ornar pereceu assassinado pela família Omíada, que disputava o califado aos Haxemitas. Ali, marido de Fátima, filha única do Profeta, foi o último dessa dinastia. Em seguida, os Omíadas controlaram o califado e mudaram a capital para Damasco; seu primeiro califa foi Otman.
Assim, os muçulmanos assumiram o controle do Mediterrâneo. Só não dominaram o Adriático e o Egeu. As comunicações dos cristãos através do Mediterrâneo foram bloqueadas, obrigando-os a navegar pelo Adriático até o porto balcânico de Zara, de onde se dirigiam para Constantinopla por via terrestre, através da Macedônia.
Na Europa Ocidental prenunciava-se o sistema feudal; o fechamento do Mediterrâneo pelos muçulmanos é um dos fatores explicativos do surgimento desse sistema.

A cultura muçulmana medieval


A importância maior da cultura muçulmana reside em seu caráter sincrético. O extenso contato que os muçulmanos tiveram com outras civilizações proporcionou-lhes uma enorme soma de conhecimentos. Os algarismos hindus foram transferidos para o Ocidente e as obras gregas toram traduzidas para o árabe com maior precisão do que para o latim.
No campo da Química, os árabes se destacaram pela descoberta de ácidos e sais. Na Matemática, pelo desenvolvimento da Álgebra. Na Física, por várias leis da Óptica.
As artes plásticas não tiveram um desenvolvimento notável por causa da proibição religiosa de representar formas vivas. Mesmo assim, desenvolveram a Arquitetura com a utilização de arcos e cúpulas. A Pintura se limitou aos arabescos, em que as letras do alfabeto árabe adquiriam função decorativa.
A Filosofia muçulmana teve em Averróis um dos máximos representantes da filosofia medieval. Traduziu numerosas obras gregas para o árabe e comentou Platão. Aviena dedicou-se à Medicina, descobriu a natureza contagiosa da tuberculose, descreveu a pleurisia e algumas variedades de doenças nervosas. Sua principal obra, Canon, tornou-se manual básico de ensino nas universidades euro ias. Rásis, outro médico, descobriu a verdadeira natureza da varíola. 


Os árabes descobriram ainda antídotos contra envenenamento perceberam os mecanismos de difusão da peste pelo contato e desenvolveram a higiene médica e hospitalar.

A literatura muçulmana tem um caráter mais imaginoso e sensual do que intelectual. No Livro dos Reis são narrados acontecimentos relativos ao Império Persa. Rubayyat, de Omar Khayyam, é um poema que reflete o modo de viver e sentir predominante na cultura persa.

Qual a diferença entre os muçulmanos sunitas e xiitas?

No mundo islâmico existe uma duas correntes a saber: sunitas e xiitas, tão falado nos noticiarios quando se fala dos árabes mas qual a diferença entre essas duas "seitas" da fé islâmica? As diferenças entre estes dois grupos muçulmanos derivam de conflitos de crenças religiosas.
Entenda as divisões do Islã 
Ambas tem em comum o fato é que além de serem as duas maiores denominações da religião islâmica também acreditam que o profeta Maomé estabeleceu a religião islã durante o século VII.
Distribuição de Xiitas e Sunitas hoje
A diferença e rivalidade começou após a morte de Maomé, em 632 d.C. onde uma disputa sobre a identidade do sucessor de Maomé fez com que os seguidores do islã se dividissem em sunitas e xiitas.
Os sunitas acreditam que Maomé não tinha herdeiro legítimo, e que um líder religioso deveria ser eleito através de votação entre as pessoas da comunidade islâmica. Eles acreditam que os seguidores de Maomé escolheram Abu Bakr, amigo próximo e conselheiro do mesmo, como seu sucessor.
Os xiitas acreditam que somente Alá, o Deus da fé islã, poderia selecionar os líderes religiosos, e que, portanto, todos os sucessores devem ser descendentes diretos da família de Maomé. Eles sustentam que Ali, primo e genro de Maomé, era o legítimo herdeiro da liderança da religião islã após a sua morte.
A maioria dos muçulmanos é sunita. Da população muçulmana em todo o mundo islâmico, apenas 10% são xiitas. Os únicos países que têm uma maioria xiita no Oriente Médio são o Irã, o Iraque e o estado insular do Golfo do Barém.
Islamismo hoje Perguntas e respostas

O que é islamismo, Islã e muçulmano?

O islamismo é a religião fundada pelo profeta Maomé no início do século VII, na região da Arábia. O Islã é o conjunto dos povos de civilização islâmica, que professam o islamismo; em resumo, é o mundo dos seguidores dessa religião. O muçulmano é o seguidor da fé islâmica, também chamado por alguns de islamita. O termo maometano às vezes é usado para se referir ao muçulmano, mas muitos rejeitam essa expressão - afinal, a religião seria de devoção a Deus, e não ao profeta Maomé.
De onde vem o termo Islã?
Em árabe, Islã significa "rendição" ou "submissão" e se refere à obrigação do muçulmano de seguir a vontade de Deus. O termo está ligado a outra palavra árabe, salam, que significa "paz" - o que reforça o caráter pacífico e tolerante da fé islâmica. O termo surgiu por obra do fundador do islamismo, o profeta Maomé, que dedicou a vida à tentativa de promover a paz em sua Arábia natal.
Todos os muçulmanos são árabes?
Esta é uma das mais famosas distorções a respeito do Islã. Na verdade, o Oriente Médio reúne somente cerca de 18% da população muçulmana no mundo - sendo que turcos, afegãos e iranianos (persas) não são sequer árabes. Outros 30% de muçulmanos estão no subcontinente indiano (Índia e Paquistão), 20% no norte da África, 17% no sudeste da Ásia e 10% na Rússia e na China. Há minorias muçulmanas em quase todas as partes do mundo, inclusive nos EUA (cerca de 6 milhões) e no Brasil (entre 1,5 milhão e 2 milhões). A maior comunidade islâmica do mundo vive na Indonésia.
As raízes do islamismo são conflitantes com as origens do cristianismo e judaísmo?
Não. Assim como as duas outras grandes religiões monoteístas, as raízes do islamismo vêm do profeta Abraão. O profeta Maomé, fundador do islamismo, seria descendente do primeiro filho de Abraão, Ismael. Moisés e Jesus seriam descendentes do filho mais novo de Abraão, Isaac. Abraão, o patriarca do judaísmo, estabeleceu as bases do que hoje é a cidade de Meca e construiu a Caaba - todos os muçulmanos se voltam a ela quando realizam suas orações.
Os muçulmanos acreditam num Deus diferente?
Não, pois Alá é simplesmente a palavra árabe para "Deus". A aceitação de um Deus único é idêntica à de judeus e cristãos. Deus tem o mesmo nome no judaísmo, no cristianismo e no islamismo, e Alá é o mesmo Deus adorado pelos judeus, cristãos e muçulmanos.
Como alguém se torna muçulmano?
Não é preciso ter nascido muçulmano ou ser casado com um praticante da religião. Também não é necessário estudar ou se preparar especialmente para a conversão. Uma pessoa se torna muçulmana quando proferir, em árabe e diante de uma testemunha, que "não há divindade além de Deus, e Mohammad é o Mensageiro de Deus". O processo de conversão extremamente simples é apontado como um dos motivos para a rápida expansão do islamismo pelo mundo. A jornada para a prática completa da fé, contudo, é muito mais complexa. Nessa tarefa, outros muçulmanos devem ajudar no ensinamento.
Os muçulmanos praticam uma religião violenta ou extremista?
Uma minoria entre os cerca de 1,3 bilhão de praticantes da religião é adepta de interpretações radicais dos ensinamentos de Maomé. Entre eles, a violência contra outros povos e religiões é considerada uma forma de garantir a sobrevivência do Islã em seu estado puro. Para a maioria dos seguidores do islamismo, contudo, a religião muçulmana é de paz e tolerância.
O Islã oprime a mulher?
A base da religião muçulmana não determina qualquer tipo de discriminação grave contra a mulher. No entanto, as interpretações radicais das escrituras deram origem a casos brutais. A opressão contra a mulher é comum nos países que seguem com rigor a Sharia, a lei islâmica, e têm tradições contrárias à libertação da mulher. Assim, o problema da opressão à mulher muçulmana não é causado pela crença islâmica em si - ele surgiu em culturas que incorporaram tradições prejudiciais às mulheres. Um ótimo exemplo disso é o fato de que o uso de véus e a adoção de outros costumes que causam estranheza no Ocidente muitas vezes são mantidos por mulheres mesmo quando não há nenhuma obrigação. Ou seja: os hábitos estão integrados às culturas, não necessariamente à religião.
Os muçulmanos são mais atrasados do que os povos ocidentais?
Durante séculos, as civilizações do Islã foram muito superiores às ocidentais. A combinação de idéias orientais e ocidentais provocou grandes avanços na Medicina, Matemática, Física, Arquitetura e Artes, entre outras áreas. Muitos elementos importantes para o avanço do homem, como os instrumentos de navegação marítima e os sistemas algébricos, surgiram no Islã. Nos últimos séculos, contudo, os povos do ocidente conquistaram a supremacia das novas descobertas. A religião islâmica não pode ser apontada como origem do abismo crescente entre algumas potências do Ocidente e alguns países subdesenvolvidos do Islã. O fundamentalismo muçulmano, contudo, é visto por muitos especialistas como enorme barreira ao avanço destes povos orientais.
O Islã é um obstáculo para a democracia?
Os especialistas se dividem em relação a esse assunto. Para muitos, a religião e cultura islâmica formou sociedades em que os princípios democráticos não ganham espaço nem atraem as pessoas. Quem acredita nessa linha de pensamento consideram que é inútil tentar impor regimes democráticos no Islã - a própria população não estaria disposta a abraçar a mudança. Mas outros analistas dizem que o islamismo não impede o florescimento da democracia, e que os países muçulmanos têm ditaduras e monarquias por causa de outros fatores. Seja qual for a explicação, o fato é que as democracias são raras no Islã: só a Indonésia, a Turquia e Bangladesh têm esse tipo de regime.
fonte: Retirado da Revista Veja

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